Tudo o que você precisa saber sobre pílulas anticoncepcionais
Everything you need to know about oral contraceptives
*Tradução: Mariana Rezende
Coisas importantes a saber:
Atualmente, as pílulas combinadas têm menos estrogênio do que as pílulas originais compostas por estrogênio e progestagênio
O tipo de anticoncepcional que você usa depende de como você valoriza diferentes benefícios, efeitos colaterais e outros fatores
As pílulas anticoncepcionais genéricas são consideradas bioequivalentes e farmaceuticamente equivalentes a produtos de marca
Os anticoncepcionais orais são utilizados por mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo e os anticoncepcionais orais combinados (AOCs) contendo estrogênio e progestagênio são um dos 50 medicamentos mais comumente receitados nos EUA (1, 2). As pílulas anticoncepcionais são a forma mais comum de contracepção reversível nos Estados Unidos (3).
Existem três tipos de pílula:
o AOC cíclico que causa sangramento menstrual mensal,
o AOC de uso prolongado, que pode ser tomado por períodos mais longos com menos sangramento menstrual,
e a pílula à base de somente de progestagênio, que é livre de estrogênio (2).
A pílula cíclica do AOC que conhecemos e amamos (ou odiamos) foi aprovada como método anticoncepcional em 1960 e as pílulas à base de somente progestagênio surgiram cerca de 10 anos depois (2). O uso prolongado de AOCs ficou disponível em 2003 (84 comprimidos ativos seguidos, depois 7 comprimidos de placebo), com comprimidos contínuos (sem comprimidos de placebo) chegando ao mercado em 2007 (4).
Neste artigo, abordaremos o que mudou desde a invenção da pílula, o que pode vir no futuro e como escolher uma pílula (ou outro tipo de contracepção) ideal para você.
As pílulas anticoncepcionais: passado e presente
Desde que foram inventadas, as pílulas anticoncepcionais evoluíram para muitos formatos diferentes:
Níveis mais baixos de hormônios: o AOC original continha mais estrogênio e progestagênio do que as versões atuais (2, 5). Como a quantidade de estrogênio na pílula foi associada ao aumento do risco de derrame, ataque cardíaco e outros cenários negativos, hoje as pílulas contêm cerca de 20% a 50% da quantidade original de estrogênio (você pode ler mais sobre os efeitos colaterais dos anticoncepcionais hormonais atuais aqui) (6). Os tipos de estrogênio e progestagênio nos anticoncepcionais orais também foram alterados e, por definição, os anticoncepcionais à base de somente progestagênio não contêm estrogênio.
Mais fases: o primeiro AOC era monofásico. Cada comprimido ativo tinha a mesma quantidade de estrogênio e progestagênio (2). Na década de 1980, as empresas farmacêuticas introduziram pílulas bifásicas (duas doses diferentes de hormônios em um ciclo de tratamento) e trifásicas (isso mesmo, três doses diferentes de hormônios por ciclo), e a primeira pílula de quatro fases ficou disponível nos EUA em 2010 (2, 7). Atualmente, parece que não existem grandes diferenças entre a pílula monofásica e as diversas pílulas multifásicas, embora não haja um número de pesquisas suficiente para comprovar (8–10).
Uso estendido: os AOCs foram criados inicialmente para imitar o ciclo menstrual de 28 dias, com 21 pílulas ativas contendo hormônios seguidas por sete pílulas inativas para provocar o sangramento de retirada. No momento, algumas opções de tratamento usam combinações diferentes de pílulas ativas e inativas, incluindo 84 pílulas ativas com sete pílulas inativas ou nenhuma pílula placebo, como os anticoncepcionais à base de somente progestagênio (4). Pesquisas mostram que, em comparação com as pílulas cíclicas, os AOCs de uso prolongado e contínuo têm aproximadamente o mesmo número de dias de sangramento, mas estão associados a melhorias nos sintomas relacionados ao sangramento, como dores de cabeça, cansaço, inchaço e cólicas (11).
Qual é o futuro das pílulas anticoncepcionais?
Todo tipo de pílula anticoncepcional exige que as pílulas ativas sejam tomadas diariamente. No entanto, nem sempre é isso que as pessoas procuram. Um estudo mostrou que 30% das pessoas que usam a pílula pararam de usar contraceptivos orais por insatisfação (12).
Pesquisadores estão tentando criar novos tipos de pílulas anticoncepcionais (uma pílula que é tomada apenas no momento do sexo e a inatingível pílula anticoncepcional masculina, por exemplo (13, 14)), mas o processo é lento devido ao alto custo e riscos potenciais do desenvolvimento de produtos inovadores (15).
Qual é o tipo certo de pílula para mim?
Existem vários motivos que fazem as pessoas optar por usar pílulas anticoncepcionais em vez de outros métodos. Por exemplo, as pessoas podem preferir tomar seus medicamentos por via oral, em vez de usar um adesivo ou injeção. Ou o custo inicial da pílula pode ser o mais acessível.
Se você não tiver tempo para esperar a pílula anticoncepcional masculina e as palavras monofásica, bifásica, trifásica, quadrifásica e uso prolongado confundem sua cabeça, você não está só. Muitos fatores contam na hora de escolher um método contraceptivo.
Ainda não há muitas pesquisas que comparem tipos de pílulas anticoncepcionais, mas segue uma pequena lista dos recursos que tornam cada um dos três principais métodos de contracepção oral únicos e que podem ajudar na hora de tomar a decisão:
Anticoncepcional oral combinado (AOC) cíclico: Comparado a outros tipos de pílulas, os AOCs cíclicos resultam em sangramentos que imitam a menstruação, com um bom controle da regularidade do ciclo de sangramentos (ou seja, menos escape) (16).
Anticoncepcionais à base de somente progestagênio: Ao contrário dos AOCs, os anticoncepcionais feitos somente de progestagênio podem ser usados por pessoas que não podem usar estrogênio, incluindo aquelas que estão amamentando (a partir de seis semanas após o parto), pessoas que fumam e têm mais de 35 anos, pessoas com obesidade e pessoas que desejam evitar sintomas relacionados ao estrogênio (16).
AOC de uso prolongado: como já aprendemos, as pílulas de uso prolongado podem resultar em menos dias de "fluxo" que os AOCs cíclicos, além de menos sintomas relacionados, como dores de cabeça, cansaço, inchaço e cólicas (11).
Além de prevenir a gravidez, as pílulas anticoncepcionais e os contraceptivos hormonais em geral podem ter outros benefícios. Dentre eles, regularidade do ciclo, tratamento de sangramento intenso, tratamento de dores menstruais, eliminação de sangramento, tratamento da TPM, risco diminuído de certos cânceres, tratamento de acne ou padrão masculino de crescimento de pelos, densidade mineral óssea aprimorada e tratamento de dor pélvica devido a endometriose (17).
Converse com seu(ua) médico(a) sobre quais fatores são importantes para você para encontrar um método contraceptivo ideal para suas particularidades.
Genérico ou de marca?
Nos primeiros dias da pílula, a Federação de Planejamento Familiar dos EUA não distribuia contraceptivos orais genéricos, provavelmente preocupando-se em como se comparavam às versões de marca (19). Essa regra já não é usada há muito tempo, mas ainda ouvimos falar de pessoas que experimentam novos sintomas quando mudam para genéricos (20).
Por outro lado, o uso de genéricos pode reduzir os custos e, para ser aprovado para uso nos EUA, as empresas precisam mostrar que seu medicamento genérico é bioequivalente (absorção semelhante pelo organismo) e farmaceuticamente equivalente (mesma potência e dosagem de ingrediente ativos) ao produto de marca (21).
O que isso significa para você? Veja o que o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) tem a dizer: "A Food and Drug Administration dos EUA considera produtos contraceptivos orais genéricos e de marca clinicamente equivalentes e intercambiáveis. A [ACOG] apoia solicitações feitas por pacientes ou profissionais de AOCs de marca ou continuação dos mesmos contraceptivos orais genéricos ou de marca, se a solicitação for baseada na experiência clínica ou preocupações com relação à embalagem ou conformidade, ou se o produto de marca for considerado uma escolha melhor para esse paciente individual.” (20) Trocando em miúdos: você deve poder usar um anticoncepcional seguro para você e que atenda às suas necessidades.