Guia para encontros casuais mais seguros
*Tradução: Jade Augusto Gola
Sexo casual. Transa de uma noite só. Noitada com alguém. Não importa como você chame, o sexo que acontece entre duas pessoas solteiras e/ou que não estão em uma relação monogâmica podem ser uma expressão natural e saudável da sexualidade. Mas como todo tipo de atividade sexual, é importante saber como tomar medidas para proteger sua saúde física e emocional.
Veja a seguir um guia passo a passo para você curtir seu encontro com segurança.
1. Sexo seguro não é suficiente: tenha sexo MAIS seguro
Uma infecção sexualmente transmitida (IST) é uma infecção causada por bactérias, vírus ou parasitas que podem ser transmitidos por parceiros(as) durante a atividade sexual. A verdade é que nenhuma forma de sexo que envolva outra pessoa é 100% segura, inclusive sexo que não envolve penetração (1).
Mas mesmo você não podendo eliminar completamente a chance de contrair uma IST, praticar sexo "MAIS" seguro com o uso de barreiras físicas (como preservativos e luvas) pode diminuir significativamente o seu risco (2).
2. Use métodos de barreira
Apesar de haver muitos métodos contraceptivos que reduzem o risco de uma gravidez, métodos de barreira são as únicas opções contraceptivas que também reduzem o risco de ISTs (3).
Métodos de barreira incluem:
Camisinhas externas (eventualmente chamadas de camisinhas "masculinas")
Camisinhas femininas (eventualmente chamadas de camisinhas "femininas")
Luvas de látex ou nitrilo
Barreiras dentais
Camisinhas internas e externas funcionam ao prover uma barreira física que previne a genitália e os fluidos de uma pessoa de entrar em contato com o corpo de outra pessoa (4).
É especialmente importante usar um método de barreira como proteção se você e seu(ua) parceiro(a) não sabem se vocês têm alguma infecção sexual no momento e se algum de vocês está tendo sexo com outra(s) pessoa(s) (1,3).
3. Prepare-se
Ao ter sexo com um(a) parceiro(a) novo(a), métodos de barreira precisam ser utilizados correta e consistentemente para maximizar sua proteção contra ISTs—então é essencial ter algum desses métodos sempre com você, o tempo todo (4).
4. Teste-se regularmente—ao menos uma vez por ano
Apesar dos métodos de barreira protegerem contra a maioria das ISTs, eles dão proteção limitada para transmissões pela pele, principalmente para o vírus da herpes e o vírus do papiloma humano (HPV). Isso ocorre porque a camisinha, a luva ou a barreira dental podem não cobrir completamente toda a pele que esteja infectada (4).
Essa é uma razão porque é importante você testar-se regularmente, também para gonorreia e clamídia (5). Outra razão para testar-se regularmente é que podemos ter uma infecção sexual mas não notar nenhum sintoma. Infecções sexuais assintomáticas também podem ser transmitidas a outras pessoas e, se não tratadas, podem representar a longo prazo um risco para sua saúde e fertilidade.
ISTs que costumam ser assintomáticas em mulheres e pessoas com ciclos:
Clamídia
Gonorreia
Herpes
HIV
HPV
Tricomoníase
Visitas rápidas a provedores de saúde para testagem permitem que você identifique rapidamente eventuais infecções e receba o tratamento necessário.
5. Vacine-se contra HPV e Hepatites A e B
Há vacinas disponíveis para te proteger contra HPV e hepatites A e B (6). As hepatites A e B são infecções virais no fígado que podem ser transmitidas sexualmente. O Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC - EUA) recomenda que todas as crianças (7), assim como pessoas com fatores de risco, sejam vacinadas contra hepatites A e B (6).
A infecção por vírus do papiloma humano, conhecida como HPV, é uma das ISTs mais comuns mundo afora, afetando mais de 290 milhões de pessoas anualmente (8). Há muitas cepas de HPV e algumas delas podem causar verrugas genitais que levam ao câncer. As vacinações disponíveis protegem contra essa cepa mais nocivas do HPV. Idealmente, a vacina deveria ser administrada em adolescentes de 11 a 12 anos, mas pode ser aplicada também em adultos que não a tomaram anteriormente ou pessoas com fatores de risco (9, 10).
6. Comunicação com parceiros(as) é fundamental
Você não consegue descobrir se alguém tem uma infecção sexual só olhando para a pessoa (nem mesmo dando uma olhada em suas genitálias). De fato, é possível ter uma IST e não portar sintoma algum, então é importante estar alerta se potenciais parceiros(as) sexuais podem ter uma IST e transmitir para você (4).
É por isso que comunicação é chave quando se trata de sexo mais seguro. Se você está planejando ter sexo com alguém (nem que seja uma vez apenas), é importante ter uma conversa franca sobre a saúde sexual de vocês. Isso pode ser embaraçoso ou pode cortar o clima, mas não precisa ser um tabu.
Uma dica é começar a conversa falando sobre o seu histórico sexual, para mostrar que o tema não é tabu para você e, assim, deixar seu(ua) parceiro(a) mais confortável para se abrir e compartilhar detalhes similares. Também é uma boa oportunidade para ajustar expectativas sobre o uso de anticoncepcionais.
Questões sobre sexo para perguntar a seu(ua) parceiro(a):
Você já teve infecções sexuais antes? Se sim, quais? Você as tratou corretamente?
Quando você testou-se pela última vez para ISTs?
Você geralmente usa preservativos?
Você já compartilhou seringas com alguém para tatuagens, piercings ou drogas injetáveis?
Você está tendo sexo desprotegido com alguma outra pessoa?
Você sabe se algum de seus(uas) parceiros(as) recentes ou atuais têm alguma IST?
É ideal e mais fácil ter esse tipo de conversa antes do tesão bater.
7. Tenha um plano B para anticoncepcionais e eventuais exposições a infecçoes seuxais
Num mundo de encontros casuais ideais, todo mundo usa métodos de barreira correta e consistentemente o tempo todo e conversa bem sobre isso. Mas o sexo eventualmente não ocorre como planejado—às vezes a camisinha rompe ou alguém é negligente e caba por não usá-la de maneira alguma. É uma boa ideia ter um plano B antecipadamente, para saber o que fazer quando as coisas acabam sendo problemáticas.
Se você pode engravidar mas essa não é sua vontade, seu plano B deve incluir uma contracepção de emergência. O método emergencial mais utilizado é a pílula do dia seguinte, que pode ser tomada de 72 até 120 horas depois do sexo desprotegido, dependendo da dose e do ingrediente ativo (12).
O dispositivo intrauterino (DIU) de cobre também pode ser usado como contracepção de emergência. Esta opção já mostrou-se altamente efetiva como contracepção de emergência, podendo ser deixada inserida como anticoncepcional de longo uso (13). A complicação é que o DIU deve ser inserido clinicamente, então não é uma opção rápida e que possa ser aplicada por você.
A profilaxia de pós exposição, chamada de PEP, refere-se a medicamentos de prevenção de contágio tomados imediatamente após possível exposição ao HIV—como em casos de sexo desprotegido ou com alguém que seja HIV-positivo. A PEP precisa ser iniciada até 72 horas depois da possível exposição, requer receita médica e deve ser tomada diariamente por 28 dias. A PEP é altamente eficaz em prevenir o HIV, mas não 100%, então deve ser reservada para situações de emergências e não deve ser usada como substituta de métodos de barreira (14).
Um provedor de saúde pode ajudar a decidir se a PEP é ideal para você. Se você está planejando transar com alguém que seja HIV-positivo, considere tomar medicações da profilaxia de pré-exposição (PrEP), o que é feito diariamente e reduz drasticamente o risco de contrair HIV em caso de exposição (14).
8. Cuide de suas emoções e da saúde mental
É sempre bom lembrar que cuidar da saúde emocional é tão importante quanto cuidar da saúde física. O sexo casual pode ser uma boa maneira para você aprender sobre o que quer, o que precisa e sobre seus limites. Muitas pessoas acabam por realizar que gosta desta forma de sexualidade, enquanto outras descobrem que não é para elas.
Lembre-se de refletir sobre suas intenções antes, durante e depois do sexo. Assegure-se de estar tomando as melhores decisões possíveis para você: consensuais e que te façam sentir confidente feliz e realizada.