Por que e como anticoncepcionais de emergência podem falhar
Tudo o que você precisa saber sobre a eficácia do contraceptivo de emergência
*Tradução: Juliana Secchi
Coisas importantes a saber sobre a contracepção de emergência:
Nos EUA existem dois tipos diferentes de pílula contraceptiva de emergência-a pílula do dia seguinte: uma delas está disponível sem restrições, já para a outra é necessário apresentar uma prescrição médica
Pílulas do dia seguinte de dose única evitam a gravidez entre 50-100% dos casos
Alguns elementos podem reduzir a eficácia da pílula anticoncepcional, como ovulação imprevisível, tipo de corpo e interações medicamentosas.
Para prevenir a gravidez, é sempre melhor tomar a pílula anticoncepcional de emergência do que não fazer nada.
Você pode comprar uma pílula anticoncepcional de emergência caso precise tomar uma no futuro.
Na grande maioria das vezes os contraceptivos emergenciais funcionam, isso quando são ingeridos dentro do período recomendado após o sexo desprotegido.
Há dois tipos de contracepção de emergência mais usados: pílulas anticoncepcionais de emergência (pílula do dia seguinte) e o DIU de cobre (1). Neste artigo vamos nos concentrar nas pílulas contraceptivas de emergência, que também são chamadas de pílulas anticoncepcionais de emergência ou pílulas do dia seguinte—usaremos esses termos alternadamente. Além disso, em alguns casos, contraceptivos orais combinados (“a pílula”) também podem ser usados como anticoncepcionais de emergência).
A eficácia da pílula do dia seguinte pode ser difícil de avaliar, pois pode ser complicado saber se as pessoas estão ovulando, quando fizeram sexo e em qual dia do ciclo estão (3,4). Com base nos dados que os cientistas possuem, as pílulas anticoncepcionais de emergência de dose única são eficazes na prevenção da gravidez em cerca de 50-100% das vezes (4,5)—isso pode variar consideravelmente pois há muitos fatores para a fertilidade: as pessoas não engravidam todas as vezes que fazem sexo desprotegido e existem muitos aspectos diferentes que levam à concepção.
Quais são os diferentes tipos de pílula do dia seguinte?
Contracepção emergencial de progestina (também conhecida como levonorgestrel)
Disponível sem receita médica
Nos EUA, a pílula contraceptiva emergencial de progestina pode ser comprada em farmácias por pessoas de qualquer idade sem receita médica (1). Você deve tomá-la o mais rápido possível após o sexo desprotegido, mas ela tem maior eficácia se tomada dentro de 72 horas (1). Você pode tomá-la em até cinco dias após a relação sexual. Se você tomá-la entre três e cinco dias a eficácia é reduzida (1).
A forma como atua é atrasando a liberação do óvulo (ovulação), evitando que o espermatozoide o fertilize (6).
Pílula contraceptiva emergencial de antiprogestina (também conhecida como acetato de ulipristal)
Disponível mediante prescrição médica
As pílulas contraceptivas emergenciais de antiprogestina são a forma mais eficaz de pílula do dia seguinte (1) e estão disponíveis somente com receita médica. Essa pílula deve ser tomada o mais rápido possível após o sexo desprotegido (7), mas você pode tomá-la até cinco dias depois (1).
Essa pílula contraceptiva de emergência muda a maneira como a progesterona atua em seu corpo (1). Funciona prevenindo ou desacelerando a ovulação (1). Quando a ovulação é adiada ou interrompida, não há óvulo para o espermatozoide fecundar e a gravidez é evitada.
O que reduz a eficácia dos contraceptivos de emergência?
Uma pessoa que toma anticoncepcional de emergência ainda pode ter uma gravidez. Aqui estão as três principais razões por que isso acontece.
1. Sua ovulação começou antes de você tomar a pílula
A contracepção de emergência depende totalmente do momento. É recomendável que você tome a pílula o quanto antes—se esperar muito tempo, poderá perder o período durante o qual a pílula pode ser eficaz.
Se você tomar logo após o sexo a pílula pode evitar que você ovule, caso ainda não tenha começado (1). Se você faz sexo no período da ovulação ou depois da ovulação, sua pílula anticoncepcional de emergência não terá efeito (8).
Se você fizer sexo desprotegido novamente depois de tomar a pílula no mesmo ciclo menstrual, ela também pode falhar (8).
2. A pílula do dia seguinte não funciona tão bem para o seu tipo de corpo
Os profissionais de saúde usam a escala de Índice de Massa Corporal (IMC) para agrupar as pessoas em categorias genéricas com base em altura e peso (9). Atenção: embora o IMC seja frequentemente usado como métrica de saúde, um IMC mais alto não significa necessariamente que alguém não é saudável.
Estudos recentes mostram que pílulas anticoncepcionais de emergência são menos eficazes para pessoas com IMC igual ou superior a 30 (8,10).
Pessoas com IMC igual ou superior a 30 que fazem uso de anticoncepcionais de emergência podem engravidar com mais frequência do que aquelas com IMC igual ou inferior a 25 (8, 10). Isso não significa que, se seu IMC for igual a 30 ou superior, você não deve tomar a pílula do dia seguinte.
Atenção: O IMC não considera a idade de uma pessoa, sexo atribuído ao nascimento, massa muscular ou outros fatores de saúde, como ingestão de alimentos ou exercícios. O índice também não diferencia entre massa corporal magra e massa gorda, o que significa que pessoas como atletas com baixa gordura corporal podem ter um IMC alto (11).
Se você tem um IMC igual a 25 ou superior, você pode comprar uma pílula anticoncepcional de emergência antiprogesterona (8). O método pode oferecer uma melhor prevenção da gravidez para o seu tipo de corpo (8). Se você tem um IMC igual a 30 ou superior, você pode querer discutir opções com seu ginecologista, incluindo um DIU para contracepção de emergência (1, 8). Se você não tiver acesso a um profissional de saúde, tomar uma pílula anticoncepcional de emergência de progestina sem receita é melhor do que não tomar nada.
Se você está considerando um DIU como contraceptivo de emergência, um profissional de saúde deve inseri-lo dentro de 5 dias após a relação sexual desprotegida (1). Você deve buscar atendimento médico assim que perceber que precisa de contracepção de emergência. Pode ser difícil conseguir uma consulta para a inserção do DIU em cima da hora, então busque ajuda o mais rápido possível.
Se você não conseguir marcar uma consulta para colocar um DIU dentro de 5 dias após a relação sexual desprotegida, tome a pílula do dia seguinte o mais rápido possível. Lembre-se de que, para evitar a gravidez, é sempre melhor tomar a pílula do dia seguinte do que não fazer nada (10).
3. Você está tomando um medicamento que interage com anticoncepcionais de emergência
Medicamentos ou produtos fitoterápicos podem fazer com que pílulas anticoncepcionais de emergência se tornem menos eficazes (7,12). Os seguintes medicamentos e ervas não devem ser ingeridos com pílulas anticoncepcionais de emergência:
Barbitúricos
Bosentan
Carbamazepina
Felbamato
Griseofulvina
Oxcarbazepina
Fenitoína
Rifampicina
Erva de São João
Topiramato
Certifique-se de verificar a bula do anticoncepcional de emergência para obter informações mais detalhadas.
Importante: não pare de tomar nenhum medicamento prescrito sem antes consultar seu médico. Fazer isso pode causar efeitos colaterais graves.
Contraceptivos hormonais também podem causar interações com a pílula anticoncepcional de emergência de antiprogestina. Falaremos mais sobre isso a seguir.
O que fazer após tomar um contraceptivo de emergência
Contracepção emergencial de progestina (também conhecida como levonorgestrel)
Disponível sem receita médica
Depois de tomar a pílula contraceptiva emergencial de progestina, use um método de barreira tal como preservativos externos ou internos, ou não faça sexo por pelo menos sete dias (1). Você pode continuar ou começar a tomar anticoncepcionais hormonais (como pílula, adesivo, injeção ou anel), e começar imediatamente (1).
Pílula contraceptiva emergencial de antiprogestina (também conhecida como acetato de ulipristal)
Disponível mediante prescrição médica
Se você toma a pílula contraceptiva emergencial de antiprogestina, use métodos de barreira (como camisinhas) ou evite fazer sexo até a próxima menstruação. Se você deseja iniciar (ou continuar) a tomar um contraceptivo hormonal, espere até cinco dias após ter tomado a pílula anticoncepcional de emergência (1,13). (O anticoncepcional hormonal pode fazer com que a pílula contraceptiva emergencial de antiprogestina seja menos eficaz se tomada ao mesmo tempo (1,13).
Após seguir essas precauções, você pode seguir normalmente com a sua rotina. Você não precisa de nenhum teste ou procedimentos de acompanhamento (1). Você nem mesmo precisa contar ao seu profissional de saúde (a menos que queira) (1). Se a sua menstruação atrasar mais de uma semana, faça um teste de gravidez para ter certeza (1).
O que acontece se você tomou um contraceptivo de emergência e engravidou?
Pílulas contraceptivas de emergência não afetarão a gravidez ou o feto (1). Se você está pensando em abortar, é ideal conversar com um profissional de saúde o mais rápido possível.
Sinais de que sua pílula anticoncepcional de emergência não funcionou
Tomar uma pílula anticoncepcional de emergência pode atrasar sua menstruação em uma semana (1). Se você acha que engravidou, faça um teste de gravidez em casa e agende uma consulta médica o mais rápido possível
Possíveis sinais iniciais de uma gravidez (14, 15):
Ausência de menstruação
Cansaço extremo
Dor de cabeça
Tontura ou desmaio
Aversão ou desejo por alimentos
Sensibilidade a cheiros
Seios inchados ou doloridos
Dores na bacia, costas ou pernas
Inchaço
Sangramentos leves e/ou cólicas
Náusea/vômito
Aumento da frequência urinária
Constipação
Alterações de humor
Como planejar-se melhor para os contraceptivos de
Pode ser uma boa ideia guardar uma pílula anticoncepcional de emergência para o caso de você precisar no futuro. Você pode solicitar ao seu profissional de saúde uma receita "por se acaso" ou pegar um comprimido sem receita na farmácia para manter em casa.
Não se esqueça—a pílula anticoncepcional de emergência, assim como o anticoncepcional hormonal, não previne infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Se você acha que pode estar sob risco de ISTs, sempre use um método de barreira ao fazer sexo e converse com seu profissional de saúde sobre fazer um exame para detectar ISTs.