Tudo o que você sempre quis saber sobre a endometriose
Introdução à endometriose
Coisas importantes a saber:
A endometriose é uma doença que afeta 190 milhões de pessoas em todo o mundo, mas ainda não é totalmente compreendida pela medicina
A endometriose é uma condição complexa que envolve inflamação, hormônios e o sistema imunológico
O tratamento para a endometriose visa controlar os sintomas e conseguir uma gravidez quando desejado
As opções de tratamento incluem medicamentos, cirurgia e, possivelmente, mudanças no estilo de vida
O que é a endometriose?
A endometriose é quando o tecido semelhante ao endométrio cresce onde não deveria estar (1,2,3). Normalmente, o tecido endometrial é a camada interna do útero que cresce e se desprende, causando a menstruação (1,2,3).
Em pessoas com endometriose, o tecido endometrial pode ser encontrado sobre e ao redor de órgãos na cavidade pélvica (1,4). O tecido endometrial fora do útero também responderá a alterações hormonais durante o ciclo (4). Como o tecido não tem como sair do corpo, ele pode causar aderências, faixas grossas de tecido de cicatrizes, nódulos, caroços, lesões e feridas, desencadeando uma resposta inflamatória (4).
A endometriose pode afetar cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva, embora as estimativas variem muito e a prevalência possa diferir entre as populações (2). Alguns estudos mostram que há menos mulheres negras e hispânicas, por exemplo, que são diagnosticadas com endometriose (5). Entre as pessoas com queixas de dor pélvica, a prevalência da endometriose pode variar de 15 a 70% (6,7).
Obter um diagnóstico de endometriose pode ser difícil devido a várias barreiras, como a falta de recursos diagnósticos e de conhecimento dos provedores de saúde (3). A endometriose também pode ser assintomática, não apresentando sintomas, para algumas pessoas, e o diagnóstico pode ocorrer somente durante a cirurgia (3). As pessoas podem apresentar sintomas por muitos anos e buscar várias opiniões médicas antes de receber um diagnóstico. Seis em cada dez pessoas com endometriose consultarão três ou mais profissionais antes do diagnóstico e o tempo médio de diagnóstico é de sete anos (3,8). Esse tempo de diagnóstico depende de onde você está no mundo; um estudo no Brasil mostrou um tempo médio geral de sete anos para o diagnóstico (9), enquanto outros estudos no Reino Unido e nos EUA encontraram atrasos no diagnóstico de 8 e 12 anos, respectivamente (10).
Se você acha que pode ter endometriose, monitorar dor, sangramento e outros sintomas com o Clue app pode fornecer a provedores de saúde informações que podem ajudar no diagnóstico e na formação de um plano de tratamento. O tratamento precoce pode melhorar a sua qualidade de vida e reduzir o risco de complicações (3).
Quais são os sintomas da endometriose?
Os sintomas da endometriose podem começar no início da adolescência ou mais tarde na idade adulta (2). A gravidade da condição é definida pela localização do tecido endometrial e pela profundidade em que ele se encontra dentro de outros órgãos, como ovários e ligamentos. Entretanto, pessoas com sintomas graves podem ter quantidades mínimas de tecido endometrial fora do útero, e pessoas com sintomas mínimos podem ter tecido endometrial crescendo extensivamente ao redor de outros órgãos (1,4).
Os sintomas comuns da endometriose incluem (1,4,11,6):
Cólicas pré-menstruais / menstruais muito dolorosas
Dor durante ou depois da relação sexual (dispareunia)
Movimentos intestinais e / ou micção dolorosos
Dor no abdômen, na região lombar ou nas coxas durante o ciclo menstrual
Dor retal e sangramento retal
Fadiga
Dificuldade em engravidar (infertilidade)
A endometriose pode começar na mesma época da menarca—a primeira menstruação. Isso pode levar uma pessoa a pensar que um alto nível de dor é "normal" para ela, quando pode ser causado por endometriose ou outra condição médica (2,12).
Se você estiver questionando o tipo de dor que sente durante a menstruação, converse com profissionais de saúde para verificar se pode ser endometriose.
O que causa a endometriose?
A ciência ainda não entende completamente por que tecido semelhante ao endométrio cresce em locais onde não deveria (4). Originalmente, acreditava-se que a endometriose era causada pelo refluxo do tecido uterino através das trompas de falópio para a cavidade pélvica, uma condição conhecida como menstruação retrógrada (4). Entretanto, nem todas as pessoas com menstruação retrógrada desenvolvem a endometriose (1,4,6).
Alguns estudos mostram que a endometriose é mais comum em pessoas com menstruação intensa, menarca precoce e menopausa tardia, e naquelas que tiveram um número maior de menstruações por nunca terem tomado anticoncepcionais hormonais ou nunca terem engravidado (4,6). Isso apoia a teoria de que a menstruação retrógrada pode ser um fator contribuinte (13).
Outros estudos investigaram alterações genéticas, inflamatórias e hormonais como possíveis causas ou contribuintes para o desenvolvimento da endometriose (6).
Algumas pessoas desenvolvem endometriose antes de atingir a menarca (12). Estudos sugerem que ela pode resultar de células endometriais que viajam pelo sistema circulatório (6,14). Outra teoria é que as células de fora do útero podem se desenvolver em células endometriais, comportando-se de forma semelhante às células-tronco, que são células do nosso corpo que podem se tornar células diferentes (6,15).
De acordo com outras pesquisas, o desenvolvimento dessa condição pode ser influenciado pelo excesso de estrogênio (6). Os genes e o sistema imunológico também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da endometriose (16). Isso pode significar que, se alguém na família biológica de uma pessoa tiver endometriose, essa pessoa pode ter maior probabilidade de desenvolvê-la (17).
Algumas pesquisas demonstraram que a endometriose envolve mais do que o tecido endometrial na parte errada do corpo; as pessoas também tendem a ter maior inflamação geral no corpo (13,18). Ainda não se entende por que essas características aparecem em pessoas com endometriose ou as causas subjacentes.
Como a endometriose é diagnosticada?
Muitas pessoas com endometriose são tratadas com base em seus sintomas, sem um diagnóstico formal. Entretanto, os sintomas variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas são assintomáticas e outras apresentam uma série de sintomas físicos e mentais, o que torna difícil para os profissionais de saúde diferenciá-los de outras doenças (4).
Os profissionais de saúde podem sugerir diferentes métodos para diagnosticar a endometriose. O diagnóstico pode ser presumido com o uso de bloqueadores de ovulação, ultrassonografias transvaginais (que tiram uma foto através da vagina) ou ressonância magnética (4). Quando alguém toma bloqueadores de ovulação e os sintomas melhoram, é possível ter um diagnóstico presumido. Em outros casos, o diagnóstico oficial é feito por meio de uma laparoscopia (cirurgia em que uma câmera é inserida no abdômen para examinar o interior da cavidade pélvica). Nela, são coletadas pequenas amostras de tecido chamadas biópsias, que são testadas para confirmar a presença de tecido endometrial crescendo fora do útero (19).
De qualquer forma, a obtenção de um diagnóstico provavelmente começará com um profissional fazendo perguntas sobre seu histórico médico e menstrual e realizando um exame físico. Ele vai querer saber sobre seus sintomas de dor e quaisquer problemas com gravidez ou aborto espontâneo (20).
Embora algum desconforto em torno da menstruação seja considerado "normal", a dor na endometriose pode ser muito pior, e é importante comunicar o que parece verdadeiro para você (2). Você também pode tentar conversar com alguém especializado em ginecologia ou endometriose. Advogar melhor pela sua saúde pode te ajudar a reduzir o tempo necessário para obter um diagnóstico.
A endometriose é frequentemente subdiagnosticada e negligenciada pelos profissionais de saúde (2,3). Se estiver sentindo dor durante o ciclo menstrual e acredita que não estão te levando a sério, monitore e observe as suas experiências e sintomas no Clue app para ter um registro do que está sentindo e quando.
Como é o tratamento para a endometriose?
Os sintomas da endometriose podem ser gerenciados com tratamento. O tratamento é importante para evitar o progresso da doença. Isso significa que o tratamento pode impedir o crescimento do tecido endometrial fora do útero (2,20).
A forma como a endometriose é tratada dependerá dos sintomas e das metas de cada pessoa. Suas metas podem ser sentir menos dor ou engravidar. Os sintomas de muitas pessoas são leves o suficiente para que elas optem por não fazer nenhum tratamento, mas a endometriose ainda deve ser monitorada, pois pode causar problemas no futuro (20).
Quais medicamentos podem ajudar a tratar a endometriose?
Se você estiver sentindo dor devido à endometriose, um profissional de saúde pode sugerir um medicamento anti-inflamatório de venda livre para dor (2). Medicamentos hormonais, como anticoncepcionais hormonais, também são frequentemente prescritos como uma abordagem inicial (4) para interromper a menstruação retrógrada. Outros medicamentos que afetam os hormônios também podem ser prescritos se as abordagens anteriores não estiverem proporcionando alívio suficiente, como os antagonistas de GnRH, medicamentos que impedem a ovulação e podem interromper o espessamento e a descamação de alguns tecidos endometriais, ou inibidores de aromatase, medicamentos que limitam a produção de estrogênio pelo corpo e podem ajudar com alguns sintomas, mas podem causar efeitos colaterais fortes e geralmente são prescritos depois que outras opções foram exploradas (4,21).
Que tipo de cirurgia você pode fazer para tratar a endometriose?
Em alguns casos, profissionais de saúde podem sugerir uma laparoscopia para explorar e remover cirurgicamente ou destruir o tecido problemático. Isso pode ajudar com os sintomas de dor e melhorar a fertilidade (4,2).
Há muito debate sobre qual método cirúrgico é melhor para cada estágio da doença. A cirurgia pode ser "conservadora" ou "definitiva". A cirurgia conservadora envolve a remoção das lesões endometrióticas sem remover o útero ou os ovários. A cirurgia definitiva, por outro lado, envolve a remoção das lesões endometrióticas juntamente com o útero e possivelmente os ovários (4). O procedimento para remover o útero é chamado de histerectomia (22). É uma opção de tratamento final após o esgotamento de outros métodos. É importante observar que a cirurgia tem seus riscos, que devem ser cuidadosamente pesados em relação aos benefícios. A cirurgia definitiva deve ser feita após cuidadosa consideração e não é recomendada para adolescentes ou pessoas que desejam ter uma gravidez no futuro, pois a remoção do útero causa infertilidade (2,21).
Que mudanças em seu estilo de vida você pode fazer para tratar a endometriose?
Algumas pessoas consideram tratamentos alternativos para seus sintomas. Esses incluem exercícios físicos, mudanças na dieta e acupuntura (23,24). Infelizmente, ainda há poucas pesquisas e falta de evidências sobre a eficácia de muitas dessas abordagens. Como a inflamação é uma das causas da endometriose, uma dieta anti-inflamatória que envolva mais fibras e menos carne e gordura poderia ajudar a reduzir o risco de endometriose (24). O álcool e o fumo podem aumentar o risco de endometriose, enquanto a ingestão de café não demonstrou ter impacto (25). Foi demonstrado que a acupuntura e o óleo de peixe reduzem a dor relacionada à endometriose, mas são necessárias mais pesquisas de alta qualidade (24,26).
Como a endometriose pode afetar sua saúde mental?
A endometriose pode afetar sua saúde mental de várias maneiras. O atraso no diagnóstico, a gravidade dos sintomas e o estigma podem levar a um funcionamento físico, social e psicológico ruim, bem como à ansiedade e à depressão (27). Se achar que a doença está afetando sua qualidade de vida, converse com profissionais de saúde.
O que monitorar no Clue app?
Essencial monitorar
Padrões de sangramento (incluindo sangramento de escape)
Dor
Útil monitorar
Intensidade do fluxo menstrual
Vitalidade
Banheiro
Sintomas gastrointestinais, como inchaço e diarréia
Uso de anticoncepcionais
Os avanços na luta dos direitos de pacientes, na pesquisa e na educação são de grande valia neste contexto em que há carências nos diagnósticos de endometriose.
Artigo originalmente publicado em 14 de março de 2018.