Tamanho do pênis: normas biológicas e expectativas sociais
*Tradução: Mariana Rezende
Quando as pessoas pensam sobre pênis, os primeiros pensamentos que provavelmente vêm em mente são “grande” ou “pequeno”. Como os seios, as características do pênis vão além do binarismo dos tamanhos.
A genitália masculina externa consiste tanto no pênis quanto nos testículos. O pênis é definido como o órgão erétil da cópula pelo qual a urina e o sêmen são eliminados do corpo, ou seja, o membro usado para o sexo que excreta a ejaculação e a urina. O testículo é definido como uma glândula reprodutiva masculina tipicamente pareada que produz esperma e secreta testosterona, coloquialmente chamado de “bolas”, que são mantidas dentro do escroto (1, 2).
Em relação à estética genital masculina, as pessoas se concentram sobretudo na circuncisão e no tamanho do pênis.
Circuncisão
A circuncisão é a remoção do prepúcio – a barreira protetora da cabeça do pênis – por razões culturais, sociais, médicas ou religiosas (muitas vezes judaicas e muçulmanas). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a circuncisão é provavelmente o procedimento cirúrgico mais comum em todo o mundo.
É normalmente realizada durante a infância como um procedimento simples e é comum nos Estados Unidos, Canadá, África Ocidental, Austrália e Nova Zelândia, onde cerca de 8 em cada 10 homens são circuncidados. A circuncisão de adolescentes e adultos é mais complicada, mas possível se feita nas condições médicas adequadas (3).
A circuncisão é tão típica nos Estados Unidos que pênis não circuncidados são comumente estigmatizados. Comparativamente, menos de 2 em cada 10 homens na Europa e América do Sul são circuncidados (3).
As pessoas têm questionado a ética e a necessidade por trás da circuncisão; algumas acreditam que pode ser uma violação dos direitos humanos (já que não é consensual para bebês) e estão pedindo mais transparência sobre os benefícios médicos. Com a remoção do prepúcio sendo quase universal nos EUA, os pais também temem que, se seus filhos não forem circuncidados, enfrentarão estigma, como serem constrangidos em situações sexuais ou vestiários.
No entanto, pesquisas demonstraram que a circuncisão traz benefícios à saúde, uma posição apoiada tanto pela OMS quanto pelo CDC. As pesquisas mostram que os homens circuncidados são cerca de 60% menos propensos a contrair o vírus da imunodeficiência humana (HIV) de uma pessoa infectada – e também são um pouco mais protegidos de outras IST, incluindo vírus do papiloma humano (HPV) e herpes genital (4). Evidências mostram que as propriedades do prepúcio interno têm maior suscetibilidade à infecção pelo HIV (5, 6). Além disso, estudos mostraram que parceiras de homens circuncidados têm risco reduzido de papilomavírus humano (HPV) e vaginose bacteriana (7).
Outras preocupações sobre a circuncisão incluem o medo da diminuição da função sexual peniana, sensibilidade e/ou prazer, mas a maioria dos estudos encontra pouca diferença – o que sugere que esses fatores são amplamente dependentes das experiências individuais (8–10).
Etnia, crenças religiosas, normas sociais e benefícios sexuais e de saúde percebidos são os fatores que impulsionam a circuncisão (3). Com controvérsia e predominância variável ao redor do mundo, os principais elementos relevantes para a circuncisão são o comportamento sexual e social. Manter a higiene peniana e praticar sexo seguro ajudará a prevenir infecções e doenças, e estes são comportamentos necessários com ou sem o prepúcio.
Os motivos para se fazer ou não uma circuncisão variam. Ninguém deve se envergonhar por ter ou não ter prepúcio.
Tamanho
Traços hereditários e evolução são fatores que determinam a variação do tamanho do pênis, que incluem a escolha da parceria, genética e exposição fetal aos hormônios.
O comprimento do pênis tem sido historicamente uma fonte de obsessão em se tratando da imagem corporal masculina. Um pênis longo é tipicamente associado a características tradicionalmente masculinas – como poder, domínio e força – além de ser uma ferramenta de prazer sexual superior (11). Descobriu-se que o tamanho serve como fator psicossocial em muitos relacionamentos sexuais.
Mas, ao contrário da crença popular sobre relacionamentos heterossexuais, muitas pessoas percebem a largura do pênis como um fator mais importante em sua satisfação sexual, com a ideia de “plenitude” como sendo psíquica e psicologicamente satisfatória. Outra razão para a ênfase na largura é a base do pênis servindo como fonte de maior estimulação do clitóris e da genitália externa (12).
Na atividade sexual masculina homossexual, as pessoas com tamanhos de pênis geralmente maiores são mais propensas a se identificar como "ativos(as)" (insertivo anal), o papel aparentemente dominante. Pessoas com tamanhos de pênis menores são mais propensas a identificar-se como "passivos(as)" (receptivo anal), a posição aparentemente submissa (13).
O tamanho do pênis não deve ser um fator decisivo em uma experiência sexual. Os genitais e suas características não devem determinar como uma pessoa se comporta, como se sente e como escolhe se apresentar (dentro e fora do quarto). Receber prazer não se baseia somente em um objeto penetrante singular e envolve muitos outros fatores, como intimidade, posição, ritmo e mais (14).
Tamanho não é documento
Só é grande ou pequeno na medida que você determina. Circuncidadas ou não, todas as pessoas com pênis devem praticar a limpeza e o sexo seguro para ter uma saúde reprodutiva ideal.
Além disso, as características da genitália masculina têm menos impacto na atração pela preferência heterossexual, com a personalidade e a aparência externa como prioridades (11).
A atração sexual e o prazer dependem de muitos outros traços cruciais além das características do pênis, como querer sinceramente satisfazer sua parceria, comunicar necessidades, conexão emocional, respeito, confiança e mais.